Segundo a diretora do Instituto, dra. Urszula Starakiewicz-Krawczyk, trata-se do “primeiro marco fundamental no caminho para o apoio sistêmico ao desenvolvimento da língua polonesa no exterior”. O documento foi apresentado em Varsóvia e, pela primeira vez, estabelece de forma organizada os princípios e rumos do ensino do polonês além das fronteiras nacionais.
Elaboradas pelo Instituto de Desenvolvimento da Língua Polonesa, as diretrizes nasceram do diálogo com comunidades polônicas ao redor do mundo e devem servir como base para uma educação polonesa moderna, coerente e flexível em nível internacional. A iniciativa despertou grande interesse entre professores e representantes dessas comunidades.
Diagnóstico completo e visão contemporânea
O documento foi construído a partir de um amplo diagnóstico sobre quem aprende polonês no exterior, como funcionam as escolas polônicas, quais são as necessidades do meio e que desafios enfrentam os docentes. A análise também leva em conta a diversidade cultural e linguística dos contextos em que esses professores atuam — muitas vezes de forma voluntária e sem formação pedagógica formal.
“É o primeiro documento tão abrangente, pensado para apoiar de fato professores e alunos. Tratamos as diretrizes de forma não dogmática — elas devem ser um apoio, não um manual rígido do início ao fim”, destaca a diretora do Instituto.
Construção em diálogo: “por fim sabemos do que estamos falando”
Um dos pilares do trabalho foram as extensas consultas públicas. Qualquer pessoa interessada pôde participar do processo — desde representantes das comunidades polônicas em diferentes países até instituições educacionais e órgãos públicos na Polônia.
“Agora, pelo menos, sabemos sobre o que estamos discutindo. Pode-se concordar ou discordar, mas há algo concreto. Isso é um grande sucesso”, afirma a dra. Starakiewicz-Krawczyk. “Fico satisfeita em ver quantas pessoas participaram e como o documento mudou de forma significativa em relação à proposta inicial.”
A participação ativa de jovens da diáspora também foi destacada pela diretora, que aponta que essa contribuição conferiu ao texto um caráter mais moderno e aberto às perspectivas das novas gerações.
Estrutura em três partes e um guia prático para professores
Como resultado desse amplo processo de diálogo, as diretrizes foram organizadas em três partes, cada uma voltada a um público específico. Do ponto de vista da prática cotidiana, a mais relevante é a terceira parte, que funciona como um guia didático.
O material reúne sugestões prontas de atividades, exemplos de avaliações e soluções metodológicas concretas solicitadas pelos professores durante as consultas. É especialmente útil para aqueles que não possuem formação pedagógica formal, mas ensinam a língua polonesa por vocação e pelo desejo de manter viva a ligação com a cultura polonesa.
Entusiasmo das comunidades polônicas
Durante a conferência em Varsóvia, professores de diversos países tiveram acesso antecipado ao documento. “Os docentes aguardavam essas diretrizes. Buscam inspiração e orientações metodológicas, e desde o início quisemos envolvê-los no processo de criação”, explica a diretora do Instituto.
O clima de cooperação contribuiu para que o material fosse recebido com entusiasmo. A flexibilidade das diretrizes — que permite sua adaptação às realidades locais — foi apontada como um de seus principais pontos fortes.
Próximos passos: formação, materiais e apoio contínuo
Embora a elaboração do documento tenha sido concluída, o Instituto considera que esse é apenas o início de uma nova etapa. Entre as próximas tarefas estão:
- a criação de um sistema de capacitação para professores;
- a divulgação das diretrizes curriculares;
- o desenvolvimento de novos materiais didáticos;
- o mapeamento e a organização dos materiais já disponíveis no mercado;
- a definição de formas eficazes de distribuição desses recursos a professores e alunos.
“Temos grandes desafios pela frente, mas vamos dar conta — como sempre”, garante a dra. Urszula Starakiewicz-Krawczyk.
Bolsas e iniciativas de valorização dos professores
A conferência também foi marcada pela entrega de bolsas a professores especialmente engajados no trabalho junto às comunidades polônicas. Embora os valores não sejam elevados, seu significado simbólico é expressivo.
“Não é algo que mude a vida de alguém. É uma forma de reconhecimento, de valorização da motivação e do trabalho, muitas vezes voluntário. Tiro o chapéu para esses professores”, afirma a diretora.
Os docentes também ressaltaram a importância de outras iniciativas do Instituto, como o Bônus para o Aluno e o Bônus para o Professor, que oferecem apoio concreto às atividades educacionais no exterior.
Um diálogo que continua — agora com um referencial comum
As diretrizes curriculares não encerram o processo; ao contrário, inauguram uma nova fase. Nos próximos anos, o documento será avaliado e atualizado com base na experiência dos professores, em pesquisas e nas contribuições contínuas das comunidades polônicas.
“Antes, não tínhamos um ponto de referência. Agora, finalmente, podemos dialogar com base em diretrizes comuns. Com o tempo, veremos o que funciona e o que precisa ser aprimorado”, conclui a diretora do Instituto.
Convidamos o público a acompanhar a entrevista completa conduzida por Halina Ostas e Maria Wieczorkiewicz com a dra. Urszula Starakiewicz-Krawczyk, diretora do Instituto de Desenvolvimento da Língua Polonesa.
Dr Fabricio Nazzari Vicroski